POSTAGENS

quarta-feira, 25 de setembro de 2013

TRAIÇÕES INDOMÁVEIS!!


Até quando nos coxearemos entre dois sentimentos? Por defeito natural, temos a tendência de buscar no outro uma perfeição interiorizada, àquela que não sob-existe em nós mesmos! Assim, reunido com o outro de modo íntimo, faxinamos suas reservas de maneira brusca, eliminando os resíduos que achamos não ser coerente à nossa própria deformidade atrofiada! Todavia, partilhados e próximos um do outro, vamos apontando erros, inexatidões e defeitos, aplicando correções e disciplinas segundo nosso próprio ver, cobiça e vergonha! No entanto, como não se há perfeições, excelências ou belezas supremas, por se tratar de indivíduos carnais como nós, vamos reassumindo novas buscas e novas caças, como uma demão mais profunda, no intuito de preencher vazios! Assim, somados nesse propósito de busca, pressa e marcações, novamente nos frustramos, nos iludimos e nos limitamos a outras perseguições, e mais outras, e outras, indo assim sucessivamente, numa entrega taxativa, desperdiciosa e desnecessária!  Somos tão exigentes com quem convivemos, quando deveríamos de ser primeiramente com nós mesmos! Se isso fosse regra ou norma, certamente não estaríamos confundindo sexo com amor e nem perfeição com qualidade; e os casamentos e relações seriam duradouros e mais responsáveis! O nosso selo de garantia deveria prover do natural e do básico, e não vir de rótulos! Rótulos mascaram condutas, adulteram sentimentos e simulam resultados! Quando escolhemos nos unir a alguém, temos que estar seguros de sua imperfeição, incorreção, e altos e baixos! Ignorar, trair e ser infiel não fará de nós pessoas notáveis, espertas e mais felizes! Pelo contrário! Nos imputará dúvidas, contradições e tristezas, por não estarmos curados de nossa própria enfermidade espiritual, levando-nos à ruína! Assim, antes de nos entregarmos à traições indomáveis, estejamos seguros de nosso caráter, qualidade e necessidade! Tiremos exemplo do ciclo da água, sendo considerado um movimento infinito e circular, que nasce de pequenos riachos, rios e lagos, através do processo de evaporação, ao qual atinge altitudes elevadas, se condensa e volta ao seu ponto inicial para uma nova formação de ciclo! Assim somos nós, correndo de um lado pro outro, na pressa de encontrarmos com nossa cara metade, tendo que voltar pelo mesmo caminho que havíamos escolhido desde o princípio!

                                                                                  Gláucia Cardoso

O ESTADO DE QUEM ESTÁ SÓ

Estou aqui, refugiado nas entrelinhas e lembranças de meu pensamento atormentado! Sinto-me só, completamente só, abandonado e trapaceado pelas coisas lenhosas do passado! Meus amigos são a causa de minha amargura, dano e sofreguidão! Um dia, simplesmente desapareceram, fugiram de mim, esquivando-se de minha melhor companhia! Estou desbotado, apagado e cru por causa deles, e não se tem qualquer livramento ou sentido na vida! Nunca fora assim, até o soar da segunda primavera! Minha casa era hospitaleira, show de exposições, ponto de parada, de aconchego e de entretenimentos! Nos reuníamos nos finais de semana, sobre as graças de um solzinho fresco e tentador, ou debaixo de uma chuva fresca e persistente! Naquele tempo, não sofria repulsas e nem tínhamos paradas para descanso; feito de comum acordo, em total sintonia e harmonia! Tudo corria bem, até quando minha bebida agradável e minha comida saborosa deixaram de existir! Agora, estando na ruína e carente de solidariedade, sofro rejeições dos mesmos que antes me homenageavam! O que vejo deles é pura esnobação, passeando nas ruas com seus carros importados e com seus puxa-sacos engomados! Nenhum deles se lembra do que éramos antes: um conjunto de raízes com propriedades semelhantes! Por isso sinto-me triste e só, preso ao meu vazio intermitente e ao meu esconderijo subterrâneo! Queria reivindicar-lhes o retorno de nossa amizade, mas sei que não posso trazê-los de volta sem mostrar-lhes grandes recursos! Se o fizesse, estabeleceria um preço alto demais, tendo ciência das minhas deficiências básicas e das minhas condições precárias! Tenho que conformar que os perdi para o mundo, para as luxúrias e para os benefícios de outros! Hoje, o que revelo-lhes é pobreza e muita miséria, não esperando deles qualquer serventia ou tipo de compaixão! Sei que esse maldito dinheiro tem o poder de comprar o homem e os seus sentimentos, qualidades e sensibilidades! Mas, mesmo assim, não me renderei à ele e nem às suas práticas subornadoras! Mesmo estando só, frágil e rejeitado, tenho que ser firme e mostrar que sou prudente! Meus descendentes, que verdadeiramente me amam, dependem de mim, tanto na riqueza como na pobreza! Terei que inspirar simpatia e confiança aos de minha mesma árvore genealógica! Por isso, não vacilarei e nem me humilharei perante meus amigos mal agradecidos! O que farei, farei esperando nada em troca, sem nenhuma compensação física, psicológica ou material! Continuarei zelando por eles, para que não sofram rejeições dos de sua nova facção temporária; e que no dia de suas penúrias, escassez ou misérias, não tenham que se refugiar à frustrações, a solidões e a esperas!!
                                                                                       Gláucia Cardoso