POSTAGENS

sábado, 28 de setembro de 2013

LEMBRANÇAS DO MEU PRIMEIRO AMOR!!

Lembro-me de quando ainda criança, nas primícias dos meus quatorze anos, nessa fase em que roubamos esforços e sentimentos adolescentes, que descobri meu primeiro amor! Éramos tão jovens ainda, e já, na primeira ocasião, nos apaixonamos perdidamente!
Era uma sensação gostosa, completa e irradiante, concernente aos assomos da puberdade e desenvolvimento de corpo! Tudo era mágico, tempos de regozijos, de primaveras e de muitas loucuras! Nossas diferenças eram conciliadas, cativantes e compartilhadas! Éramos o que éramos, irresponsáveis, loucos e atrevidíssimos!
Naquela época, eu saia dos quinze para os dezesseis! Quanto a ele, sinceramente não me recordo direito, mas, posso arriscar que entrava para a casa dos dezoito ou pouco mais que isso! Não me lembro muito bem!
Nesse tempo, nossas atitudes eram saudáveis e espontâneas, enquanto nossas palavras nos favoreciam um vocabulário sem muita letra ou cultura, coligado a um alfabeto meio tosco e estranho! Só pensávamos em áreas verdes, em cinemas, em parques, em shows e em paqueras, e não em dicionários, bibliotecas, livros, valsas ou coisas antiquadas!
Apoiávamos àqueles sem disciplina alguma e os de nossa mesma jovialidade robótica! Naquela época, os jovens eram mais que irresponsáveis e mais que imaturos, mas, porém, pouco atrevidos! Pelo menos, respeitávamos nossos pais, nossos instrutores e nossos amigos!
Naquela fase, aprendemos a amar e sermos amados, a respeitar e sermos respeitados, e a beijar e sermos retribuídos! Fora tudo tão intenso e tão apaixonante que achávamos que tudo aquilo nunca se acabaria! Não existia ocasiões danadas, épocas ruins, tempos difíceis ou circunstâncias perigosas, só poesias, versos e prosas!
Éramos tão crianças, tão cheios de vida, isentos de qualquer responsabilidade, maturidade ou aborrecimentos! Não éramos obrigados a responder por nossas ações, por que tínhamos os mais velhos zelando por nós; e nem cometíamos atos indesejados com os outros, saindo revelando coisas nos confiadas ocultamente!
Todavia, sabíamos que um dia iriamos crescer, florescer e nos distanciar um do outro! Assim aconteceu, num determinado tempo em que não estávamos esperando! Nossa jovialidade então se esvaiu, dando lugar à ordem, a normas e a disciplinas de adultos!
Por infelicidade do destino, nosso primeiro amor foi desflorescendo e virando para o avesso, enquanto novas conquistas se iam diversificando, pluralizando e multiplicando!
Assim, amadurecidos, nos afastamos com os corações despedaçados, os olhos tristes e os nervos dilatados, tendo que renunciar nossas ideias idiotas, nossas imagens absurdas, nossas frases costumeiras, nossas algazarras astuciosas e nossas delícias!
            Quanto a mim, fui namoradora por algum tempo, mas nada se comparado à durabilidade, nostalgia e intensidade do nosso primeiro momento! Muitas vezes, experimentei emoções fortes e passageiras, e me apaixonei de imediato; outras vezes, iludi-me com falsos amores, levando em conta que meu primeiro amado também viera se apaixonar muitas vezes!
Naquele tempo, experimentávamos coisas tão novas, devida jovialidade estar em alta e em fase de desenvolvimento! Ser jovem era estar penalizado com incessantes ilusões, e com as sutilezas e sandices de amar e sermos amados!
Assim, deixamos de ser as primícias e os exclusivos, para vim fazer parte de um grupo de captores em busca de novas paixões, novas sensações e novos amores! Não vou dizer que não sofremos, porque, realmente sofremos muito; tão quanto sozinhos como calados!
Pelas veredas da vida fomos descobrindo novos caminhos e nos fortalecendo, aventurando-nos em horizontes diferentes, em descobertas novas e em novos sonhos, tendo que anular nossas conversas, esquecer nossos momentos ardentes e desaparecermos! Assim, vertemos nossos amores adolescentes, de primeiros a últimos, tornando-os desbotados, ignorados e desconhecidos! 
Todavia, como a vida nos prega sempre uma peça, aconteceu que, numa certa claridade do dia, numa ocasião súbita e despropositada de horas, finalmente nos reencontramos! Fora tudo tão lindo, que pensei que estivesse realmente voltando para o nosso tempo adolescente!
Não era certo vir pensar desse jeito! Afinal, as coisas agora eram diferentes e difíceis de serem entendidas, devidos intervalos que havíamos dado um pro outro! Sabíamos que o que pensávamos, almejávamos e sentíamos naquele momento, nada mais eram do que enganos de sentidos, de ideias e de pensamentos, ao descobrirmos que havíamos, de fato, nos perdido um do outro!
Infelizmente éramos como dois estranhos, com modos, linguagens e aspectos de estrangeiros! Estávamos tão diferentes, menos jovens e mais amadurecidos! Eu, já senhora, mantinha meus cabelos longos, trajava um vestido rosa transparente e mascarava o rosto com cosméticos rejuvenescedores!
Já ele, um senhor grisalho, bonito e de falhos de barba, permanecia com seus cabelos sem um cumprimento preciso, vestia uma camisa azul escura com gola cosida sob o listel e apresentava dobras sobre o viés dos olhos claros!
Vendo-nos frente a frente, sabíamos que o tempo não poderia ser mais revigorado! Havíamos construído histórias desiguais e desconhecidas, sendo tudo apagado e distribuído em partes separadas! Nem um e nem outro poderiam voltar para o tempo e para o que havia se deteriorado, tendo que deixar sob o imaginário as pegadas, os vestígios e as eternas lembranças!
Assim, cada qual se voltou para seu respectivo canto: eu, para o meu mundo reflexivo, e ele, para o seu mundo em preto e branco! Certamente não esqueceremos um do outro, dos nossos encontros malucos, dos nossos amores escondidos e dos nossos sonhos ocultos! 
Sabemos que não podemos falsear o passado, e que o nosso primeiro amor jamais prevalecerá no esquecimento, porque tudo que passamos nos serão indestrutíveis e difíceis de apagar!
Só posso afirmar que, o amor, aquele nosso primeiro amor tão ardente, tão irresponsável, tão inocente, tão gostoso e tão apaixonante, nunca perderá sua validade, legitimidade, qualidade e espontaneidade!
Declaro que, a quem me refiro com fervor, haverá de perceber a sua importância nessas entrelinhas! Assim, também, que esses clamores verbais possam servir de alarmante a todos os amores que se encontram aprisionados, ocultos e encarcerados em tocas!
Revelo isto, não somente para mim como locutora, mas, também, para vocês como ouvintes! O que escrevo, escrevo de alma pura, aliviada, limpa e lavada, no intuito de saldar a minha vaidade, excentricidade, ansiedade e fantasia! Falo em função de um todo, de um coletivo, que seja em número superior a de apenas um casal!
Posso concluir que a nossa descrição de vida ficará para sempre assinalada e bordada nas entrelinhas de nossas inesquecíveis e reais histórias! Não se esqueçam de que o nosso primeiro amor é para ser guardado, moldado e defendido em nossos corações!
Pior seria se fôssemos os únicos protagonistas desses romances memoráveis, ardentes e cheios de aventuras perigosas! Aliás, não somos somente “eu e ele” nessa dramaturgia perigosa, mas, tão somente, um numerário absurdo de “eles e elas!”.



                                                         Gláucia Cardoso

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